segunda-feira, 10 de outubro de 2011

WOODSTOCK: UM TEMPO DE AMOR, PAZ E DITADURA



Agosto de 1969, dias 15, 16 e 17 de agosto, exatamente há 42 anos e 2 meses atrás acontecia o maior festival de rock que toda a história pôde registrar. O mundo vivia uma grande revolução cultural na época: jovens se uniam e lutavam por seus direitos. No Brasil exigiam o fim de uma ditadura militar já de cinco anos, nos Estados Unidos da América, o fim da Guerra do Vietnã. O movimento hippie ganhava forças com o lema “Faça amor, não faça a guerra”. As mulheres estavam mais liberadas do que nunca, felizes com a invenção da pílula anticoncepcional. Era tempo de questionar e experimentar. Vários artistas faziam apologia à viagem através de alucinógenos: Beatles, Rolling Stones, The Doors, Jimi Hendrix. O que queriam era apenas paz. Foram três dias de liberdade, amor e muita música. Mais de 30 grupos reunidos numa fazenda de Bethel, condado de Sullivan, New York. Jovens de todos os lugares rumaram para aquele local. A quantidade de carros foi assustadora, interrompendo a via expressa, causando um dos maiores congestionamentos da nação. Cerca de 450.000 pessoas rumaram a Woodstock. Nunca se poderia imaginar que tantos jovens pudessem estar ali. Queriam provar, antes de tudo, que os jovens não precisavam de polícia ou repressão, pois queriam apenas paz e amor. Do palco anunciavam: “Não tomem o ácido marrom (...) não é veneno, é só uma viagem ruim (...) se quiserem experimentar, tomem só a metade.” Os jovens conviviam pacificamente e aprendiam a tudo compartilhar.
A música ficou por conta dos astros Ario Guthrie, Bert Sommem, Bood-Sweet & Tears, Creedence Clearwater Revival, Crosby-Stills & Nash, David Clayton Thomas, Incredible String Band, Iron Buttefly, Jack Harrison, Jefferson Airplane, Jimi Hendrix, Joan Baez, Joe Cocker, Johnny Winter, Melaine Mountain, Ravi Shankar, Richie Havens, Santana, Sha na na, Ten Years Affter e The Who, entre outros. Era impossível chegar de carro ao local do show, por isso a produção teve que se desdobrar para conseguir helicóptero para trazer os artistas. Richie Havens foi escolhido para abrir o festival, pois era o músico mais sóbrio no momento. Richie tocou por quase três horas. Logo após, Chip Monck, mestre de cerimônias pegou Country Joe McDonald, amarrou um violão acústico nele e o empurrou para o palco. McDonald apenas agüentou tocar duas músicas. Depois Monck localizou John Sebastian. Ele nem mesmo tinha sido convidado para participar, mas acabou tocando. A performance de Sebastian era quase uma paródia de conversa hippie, por causa do seu estado psicodélico. Segundo testemunhas, Jimi Hendrix foi levado ao ambulatório médico montado na fazenda, por excesso de drogas. Hendrix foi então, o último a tocar, na manhã de segunda-feira, incendiando a platéia exausta com uma versão “muito louca” do hino nacional americano.
Woodstock acabou deixando para trás uma montanha de lixo, processos e prejuízos. Era na era de aquário. Jimi Hendrix morreu em conseqüência do uso de drogas no dia 18 de setembro de 1970, um ano e um mês exato do final de Woodstock. Janis Joplin também se foi. Jim Morrison, vocalista do The Doors foi logo em seguida, enquanto John Lennon anunciava que “o sonho acabou”.
E assim se conta essa história. Enquanto o governo americano levava jovens a morte prematura numa estúpida Guerra do Vietnã, jovens deixavam o cabelo crescer e protestavam tudo isso. No Brasil, a juventude fumava um baseado discutindo como acabar com a miséria e a hipocrisia brasileira. Homens de fardas tomavam chá com torradas e assassinavam idealistas nos porões do DOI_CODI. Hoje se olha para trás e se vê que a justiça estava naqueles jovens de cabelos longos e a responsabilidade por um mundo melhor nunca foi o objetivo daqueles homens que usavam estrelas no peito.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

11 DE SETEMBRO

E Davi, metendo a mão no alforje, tirou dali uma pedra e com a funda lha atirou, ferindo o filisteu Golias na testa; a pedra se lhe cravou na testa, e ele caiu com o rosto em terra.
Rogério Salgado



quarta-feira, 17 de agosto de 2011



Na minha concepção, os artistas passam por três fases básicas: a primeira são a dos iniciantes, que são humildes, simples, humanos; a segunda é a dos consagrados, que na maioria das vezes, são um porre e a terceira é a dos que amadureceram e por isso, voltaram a humildade dos iniciantes. Eu particularmente, prefiro lidar com os artistas da primeira e da terceira fase.

Poema sem metáforas

Para Maiakovski

Um corpo inerte na calçada
vítima de bala perdida
ao redor da morte
pessoas desesperançadas
esperam um novo milagre
que lhes tragam algo novo

... e o poeta em sociedade
preocupa-se com o poema alheio...

a violência violenta as estruturas
humanas que habitam dentro
de cada um de nós
como se vivêssemos
num Vietnã metropolitano
em pleno século XXI

... e o poeta em sua toca
sonha com o seu próprio umbigo

pessoas dormem nas ruas
sem metas e sem destinos
suas camas são papelões
espalhados em desalinho
como animais quaisquer
num zoológico concreto

... e o poeta afinal
só quer ver
sua foto num jornal!

Rogério Salgado
(In “Poemas” – Belô Poético-2010)

sábado, 30 de julho de 2011

Dona Ica






Desde 2008 deixei este meu blog hibernando. Motivos vários que não importa relatar. O Importante é que estou reativando-o, com a intenção de não mais deixá-lo a ver navios.
Após a realização do 7º Belô Poético – Encontro Nacional de Poesia de Belo Horizonte fomos convidados, eu e Virgilene, pela poeta Bilá Bernardes para curtirmos um bom descanso na acolhedora cidade mineira de Lagoa da Prata. De lá demos uma esticadinha a Santo Antônio do Monte, onde conheci pessoalmente Dona Ica, mãe de Bilá, uma menina de 102 anos, a qual me inspirou um poema, o qual transcrevo abaixo. Acima, foto em que Dona Ica está entre eu e seu neto Leo.

Dona Ica

Para Bilá Bernardes

A velhice é uma menina
de cabelos brancos...

Santo Antônio do Monte, 21 de julho de 2011